A IMPORTÂNCIA DA FOLIA DE REIS EM MUQUI – 73 ANOS DE HISTÓRIA E TRADIÇÃO


Começamos essa história voltando no tempo até 1950 – antes mesmo
disto, sendo sinceros. Mas mil novecentos e cinquenta é nosso ponto de
partida para esta jornada, pois marca a data do primeiro Torneio de Folia de
Reis promovido em Muqui.

O festival é de cunho religioso católico, acontecendo geralmente entre
24 de dezembro e 06 de janeiro (Dia de Reis ou Dia dos três Reis Magos),
recontando o caminho dos três Reis Magos – Gaspar, Baltazar e Melchior –
indo ao encontro do menino Jesus para celebrar seu nascimento. Tocando
musicas típicas, dançando e cantando, um grupo de Folia é formado por um
mestre, um contramestre, os três Reis Magos, os palhaços, os alfeires e os
foliões. As roupas são coloridas e as mascarás de Palhaças feitas com pele de
animais, mais comumente de carneiro ou cabra. Quanto mais assustadora e
grotesca a mascará, melhor, dado que o Palhaço é a representação do mal
seguindo a reisada em seu caminho. De origem europeia, a festa veio para o
Brasil junto com os imigrantes portugueses e espanhóis.

As Folias de Reis já eram algo presente na região de Muqui mesmo
antes da década de 50. Existem registros das folias já alegrando a região
desde antes de 1897, mas é apenas em 1950 que Dr. Dirceu Cardoso, então
prefeito da cidade desde 1947 e apaixonado pela tradição, criou o Concurso de
Folias de Reis em Muqui. Em 1955 comparecem as festividades a Comissão
de Folclore Estadual, a época sob presidência de Dr. Guilherme Santos Neves,
e levam duas mascaras de palhaço para serem expostas no acervo do Museu
de Folclore Nacional. No ano seguinte, o folclorista e fotografo francês Marcel
Gautherot registra fotos exclusivas da Competição, levando consigo, ainda,
duas mascarás do famoso Palhaço Chiquinho para o Museu do Homem, em
Paris.

Desde então, a tradição de encontros de foliões em Muqui permaneceu
viva todos os anos, sem se deixar abalar. Segundo a Comissão de Folclore
Estadual, este é considerado o encontro de folias mais consistente e antigo do
Brasil, realizado anualmente sem interrupções. Com o tempo, a Competição
Regional passou a Encontro Nacional, chegando a receber 100 grupos de Folia
em 2008. Durante as restrições de distanciamento impostas pelo COVID-19
nos anos de 2020 e 2021, o Encontro foi feito de forma digital, com a produção
de 15 documentários sobre folias de reis, transição ao vivo e painéis
acadêmicos online. Em 2023 o encontro foi registrado e transformado em um
documentário de 55 minutos, bem como uma curta metragem. Esses materiais
estão disponíveis na pagina do YouTube da Prefeitura de Muqui.

 

Texto por: Roberta Braga de O Formal.

Estagiaria da Secretaria de Turismo e Cultura.
Historiadora e pós-graduanda em Antropologia.

 

 

Bibliografia:
MENDONÇA, Paulo Henriques de. Muqui – cidade menina. 1850-1989.
1ª edição, 1989, Edição do Autor, ES.
LOURENÇO, Sandra M. Cirillo. Muqui e sua história – um museu a
livro aberto. 1ª edição, 2017, Editora Vitoria, ES.
RAMBALDUCCI, Ney Costa. Muqui, passado de gloria futuro de
esperança. 2ª edição, rev. e atualizada, 2013, Edição do Autor, ES.

 

Fotos: Wander L. Polati