Muqui: Capital da Cultura e do Café

Charmosa, histórica, cultural e linda, nossa cidade se encontra a 170 km da Capital: Vitória. Sua jornada começa por volta do final da década de 1840, com a chegada de imigrantes do Vale do Paraíba em busca de novas terras para a expansão da produção de café.

Com terreno próspero e clima propício para a agricultura, várias fazendas começaram a surgir. Nesse momento, Muqui recebeu o nome de “Arraial dos Lagartos”. Segundo histórias do senso comum, vários lagartos ficavam sob as pedras na região. Em 1901, com o intuito melhorar a logística no transporte de café para o Rio de Janeiro, a Linha Férrea Leopoldina chegou ao vilarejo, alavancando a economia local. Portanto, a Linha Férrea foi a responsável pelo desenvolvimento da produção de café, e consequentemente do povoado.

Em 22 de outubro de 1912, sob o nome de São João do Muquy, o então distrito foi elevado à condição de cidade, desmembrando-se do Município de Cachoeiro de Itapemirim.

No período compreendido entre 1920 e 1930, Muqui viveu fase de profundo desenvolvimento, em virtude da produção de café. No intuito de evidenciar poder, as famílias ricas construíram casas com características da cultura europeia, que naquele momento histórico; detinha a influência no mundo das artes. Essa ambiência arquitetônica representa até hoje, um dos espaços mais significativos da arquitetura eclética no Brasil.

O Tombamento do Sítio Histórico se deu em dois âmbitos. No Município, em 1999. E no Estado, em 2012, por meio da Resolução CEC Nº 002/2012. Atualmente Muqui representa 60% de todo o Patrimônio Histórico do Estado.

A cidade preserva, também, uma gama de patrimônio imaterial, abraçando as atividades folclóricas. Muqui é referência em Cultura Popular. Carnaval do Boi Pintadinho, Jaguará, Caxambu, Quadrilhas e Folias de Reis estão presentes no dia a dia do povo muquiense.

Com um carnaval animado pelos Bois desde 1970, a cidade conta com 22 grupos de Bois Pintadinhos, sendo dois deles Vacas – incluindo a Vaca Mocha, bloco composto apenas por mulheres – e Bois Mirins voltados para o público infantil. Os Jaguarás também são entes que constante estão presentes no carnaval do Município.

Muqui sedia o maior e mais constante encontro de Folias do Brasil, segundo a Comissão Nacional de Folclore. Com inicio na década de 1950, Muqui manteve a tradição dos encontros anuais, realizados inicialmente na Região Sul Capixaba e posteriormente abrangendo outros Estados Brasileiros. No intuito de preservar a memória coletiva, o Encontro Nacional se deu de forma online durante os anos de 2020 e 2021, devido à pandemia do COVID-19. Em 2022, o 72º Encontro Nacional de Folias de Reis será realizado no formato presencial no dia 10 de dezembro.

Já o Caxambu, herança cultural afrodescendente, é uma linda expressão popular onde as pessoas cantam, dançam, entoam poesias e rimas ao som do tambor e de outros instrumentos. No “Morro do Querosene”, como é comumente conhecido na cidade, ou Bairro São Pedro; a Família Rosa organiza essas manifestações desde o período de 1850. O Caxambu de Muqui, que também pode ser chamado de jongo, batuque, corimá ou tambu, tem uma presença tão forte na comunidade que já foi reconhecido pelo IPHAN como Patrimônio do Brasil.

Até os dias atuais, a economia do Município gira ao redor da agricultura, com enfoque na produção de café de qualidade. Muqui detém, ainda, o título de Melhor Produtor de Café Conilon do País, encontrado no Sítio Grãos de Ouro (aberto a visitações junto a Rota turística da Morubia), eleito por mais de três mil pessoas durante o concurso Coffee of the Year 2019, em Belo Horizonte. A cidade ainda conta com o Café Especial “Pó de Mulheres”, produzido na comunidade rural de São Luiz, por um grupo feminino. Tais atividades são coordenada pela CAFESUL – Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Estado do Espírito Santo.

Na Fortaleza, comunidade rural do Município, a produção de milho crioulo foi resgatada e atualmente várias variedades locais foram cridas. Muqui integra a Rede Nacional de Milho Crioulo, e participa do estudo de novas sementes desde 1993.

Contando também com um fantástico Patrimônio Natural, integrando o Monumento Natural Estadual Serra das Torres; Maior Unidade de Conservação da Categoria Proteção Integral criada pelo Estado, Muqui abriga incríveis Roteiros Turísticos. Seguindo a “Rota da Morubia” é possível experimentar uma incrível viagem pelas belezas naturais ao pé da famosa “Pedra do Dragão”, visitar fazendas e casarios históricos, ter contato com o lindo artesanato local no Mercado Regional dos Vales e Café e saborear a culinária caseira com almoços ao ar livre e piqueniques.

Com os avanços das tecnologias, em 2012, nasce o FECIM – Festival de TV e Cinema. O evento, único dessa modalidade na Região Sul Capixaba, impulsiona a imagem do Município através de obras audiovisuais.

Muqui é o cenário perfeito para quem deseja viver o Patrimônio com a alegria do interior e construir novas histórias entre as ruas de paralelepípedos.

 

Texto: Roberta Braga de O. Formal

Estagiaria da Secretaria de Turismo e Cultura de Muqui.
Historiadora e pós-graduanda em Antropologia.