Informações Ambientais do Município

– Localização:

O município de Muqui localiza-se na mesorregião Sul Espírito-Santense, mais precisamente na latitude Sul de 20º 57’ 07” e longitude Oeste de Greenwich, de 20° 45’ 00”, na região Sul do estado do Espírito Santo. Com uma população de 15602 habitantes (segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – estimativa para o ano de 2021), se encontra a 175 km de sua capital e ocupa uma área de 326.873 km².

– Aspectos hidrológicos

 Figura 1 – Localização das nascentes e dos cursos hídricos do município de Muqui.

Fonte: Moreira et al. (2015)

 O município de Muqui está inserido em duas bacias hidrográficas de grande importância, que são a bacia hidrográfica do rio Itapemirim e a bacia hidrográfica do rio Itabapoana. Ambas as bacias, respectivamente, abrangem os percentuais de 66,7% e 33,3% do território muquiense (Figura 2).

 

Figura 2 – Abrangência das bacias hidrográficas dos rios Itapemirim e Itabapoana no município de Muqui.

Fonte: Editado pela SEMMA (2022).

 

No município, o rio Muqui do Norte é o principal curso hídrico. A nascente da sub-bacia do rio Muqui do Norte localiza-se no rio Primavera, na região rural de Rio Claro, cujas águas são captadas para o abastecimento na sede do município de Muqui e apresentam finalidades relevantes, como o uso para irrigação, a dessedentação de animais e o abrigo da fauna aquática. Após o percurso no distrito de Camará, as águas do rio Muqui do Norte abastecem centros urbanos, como a sede do município de Atílio Vivácqua.

No município de Muqui, diversas microbacias abastecem comunidades rurais (conforme mostram a Figura 3), tais como:

Microbacia do córrego Concórdia: abastece a região de São Domingos e Fortuna, na zona rural do município;

Microbacia do córrego Boa Esperança: abastece parcialmente a região da Morubia e parte da área urbana de Muqui. Este curso hídrico deságua no rio Muqui do Norte, na sede do município;

Microbacia do córrego Morubia: abastece parcialmente a região da Morubia e da Fortaleza, na zona rural do município;

Microbacia do córrego São Gabriel: abastece a região de Recreio, São Luiz, Desengano e o distrito de São Gabriel;

Microbacia do córrego Rio Claro: abastece a região de Rio Claro e Monte Alegre e deságua no rio Muqui do Norte. Suas águas são de grande relevância, pois são captadas para o abastecimento na sede do município através da concessionária de saneamento e abastecimento;

Microbacia do córrego Primavera: abrange a região da Primavera, na zona rural do município. Suas águas encontram-se com o rio Muqui do Norte, na sede do município.

– Microbacia do córrego Babilônia: abrange a região da Babilônia, na zona rural do município.

 

Figura 3 – Disposição das principais microbacias hidrográficas existentes no município de Muqui.

Fonte: Editado pela SEMMA (2022).

 

O Balanço Hídrico Climatológico no município de Muqui apresenta duas épocas distintas em relação ao armazenamento de água no solo (Figura 4). Entre os meses de maio e agosto, a deficiência hídrica acumulada é de aproximadamente 21 mm.  Nos meses de setembro e outubro, o aumento das chuvas é suficiente para provocar a reposição hídrica de água no solo. Dessa forma, há um equilíbrio no saldo da contabilidade hídrica. Assim, nos meses de novembro a abril, é observado um excedente hídrico na região, com somatório de, aproximadamente, 333 mm. O maior excedente é observado no mês de dezembro, com uma média de 118 mm. A exceção desse período fica por conta do mês de fevereiro, quando a diminuição das chuvas e o aumento da temperatura ocasionam significativa diminuição do excedente, o que, no mês seguinte, já é recuperado.

 

Figura 4 – Balanço Hídrico Climatológico do município de Muqui.

Fonte: Moreira et al. (2015)

 

– Caracterização das zonas naturais

O município de Muqui abrange três zonas naturais que se diferem entre si conforme a temperatura e a precipitação pluviométrica (Figura 5):

Zona 2 – Terras de temperaturas amenas, acidentadas e chuvosas (45,50% do território muquiense);

Zona 5 – Terras quentes, acidentadas e transição chuvosa/seca (52,80% do território muquiense);

Zona 6 – Terras quentes, acidentadas e secas (1,70% território muquiense).

 

Figura 5 – Disposição das zonas naturais do município de Muqui.

Fonte: INCAPER (2022).

 

– Áreas de Preservação Permanente

As Áreas de Preservação Permanente (APP’s) do município de Muqui representam espaços protegidos, cobertos ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. No município de Muqui, as APP’s são representadas através de áreas ligadas a nascentes, cursos d’água, declividades acima de 45º e topos de morro, conforme mostram a Figura 6.

 

Figura 6 – Disposição das APP’s no município de Muqui (ES).

Fonte: Moreira et al. (2015).

 

– Áreas verdes urbanas

A presença de áreas verdes urbanas no município de Muqui é muito significativa. Estudos já feitos revelam que o município de Muqui apresenta um Índice de Área Verde Total (IAVT) de 77,14 m²/hab, ao passo que o Índice de Área Verde Recreativa (IAVR) é de 0,56 m²/hab (FIORESE, 2020).

O município de Muqui dispõe das seguintes praças e parques urbanos:

Parque de Lavadeira D. Minervina: Com uma área de 329,77 m², foi inaugurado em 21 de janeiro de 1951, pelo prefeito municipal Dr. Dirceu Cardoso. Localizado na Rua João Jacinto, no bairro Boa Esperança, o Parque de Lavadeiras D. Minervina foi o primeiro construído no estado do Espírito Santo. Procurando facilitar a vida das lavadeiras, o Parque possui tanques de lavar roupa com água encanada, chuveiros, W.C. e uma área para quarar e secar roupas, proporcionando um pouco de conforto nas tarefas ali executadas. O Parque de Lavadeiras recebeu o nome de D. Minervina em homenagem a uma das mais antigas lavadeiras da cidade de Muqui. Foi inaugurado por Dr Dirceu Cardoso, na administração do sr. Manoel Lobato. A área é caracterizada por ser aberta e ter acesso ao público. Na composição da vegetação local, predominam gramíneas e espécies de baixo a médio porte, compondo o aspecto paisagístico, também caracterizado por dispor de algumas rochas. O Parque de Lavadeiras D. Minervina se encontra protegido e inserido na poligonal de tombamento do Sítio Histórico do município de Muqui (ES).

Jardim Municipal: Com uma área de 3396,92 m², foi inaugurado em 18 de março de 1923, com a presença do representante do Presidente do Estado, Dr. Vicente Caetano, e de outras autoridades. Na data da inauguração, foi celebrada uma missa campal pelo padre José Bernardino. Na administração do Prefeito Sr. Alcides Vianna, foram iniciadas as obras do aterro do atual jardim, concluídas no governo do Prefeito Dr. Ewerton Pereira Guimarães. As obras foram iniciadas e concluídas entre os anos de 1930 e 1932. Desde então, o jardim passou por várias reformas nos bancos, nas árvores, no ajardinamento, etc. No governo do Prefeito Dr. João Lobato Fraga, foi construído um chafariz iluminado no centro do jardim. Do calçamento mais recente, parte foi feito pelo Prefeito Pedro José Mendonça e parte na gestão do Prefeito Gilberto Mofate Vicenti. Ao lado do Jardim Municipal, se encontra a Praça Salim Lopes Balmas, construída na gestão do Prefeito Sr. Pedro José Mendonça. Foi projetada por Rubens Santana e inaugurada no dia 24 de junho de 1987. Seu nome foi atribuído em homenagem ao muquiense Salim Lopes Balmas. Atualmente, a área do Jardim Municipal está caracterizada como pavimentada (blocos de concreto) e não pavimentada (presença de areia, gramíneas, árvores e arbustos). Periodicamente, abriga diversos eventos da cidade, como o Festival Muquiense do Boi Pintadinho.

Praça Rozário Rizzo: Com uma área de 1102,54 m² e localizada no bairro Boa Esperança, a Praça Rozário Rizzo foi nomeada em tributo ao ex-prefeito do município de Muqui, Rozário Rizzo. Foi construída na gestão do Prefeito Dr. Dirceu Cardoso e inaugurada no dia 19 de dezembro de 1949. Foi calçada na administração do Prefeito Manoel Monteiro Lobato. A planta do jardim foi feita pelo professor Olimpio Vianna, que orientou e dirigiu a construção. É protegida pelo tombamento (patrimônio) municipal, de acordo com a Lei Municipal nº 089/2000. Sua vegetação é caracterizada pela predominância de árvores de pequeno a grande porte responsáveis por proporcionar ótimo sombreamento na área, como é o caso da espécie Terminalia catappa L. (castanhola).

 

– Relevo e topografia

O município de Muqui apresenta relevo com grandes variações na altitude e declividade (Figuras 7 e 8). As áreas mais elevadas estão localizadas principalmente na região da Morubia, mais precisamente na área do Monumento Natural Serra das Torres, abrangendo altitudes que chegam a 1260 metros. Já as áreas mais baixas correspondem, principalmente, as regiões do distrito de Camará e Aliança, além de parte da Fortaleza e a sede do município de Muqui.

Referente à declividade, o município de Muqui apresenta relevo cuja classificação compreende desde a classe “plana” a “escarpada”, com declividades maiores que 75%. As áreas mais declivosas estão bem espalhadas ao longo do território muquiense. Porém, entre as mais declivosas, podem ser destacadas a região do Monumento Natural Serra das Torres e parte da Aliança. Já as áreas mais planas estão distribuídas, majoritariamente, ao longo dos cursos hídricos do município. Dentre os locais com relevo menos declivoso, destaca-se a região da Aliança e parte da sede do município de Muqui.

Devido às altas variações de altitude e declividade, o relevo do município de Muqui apresenta elevada tendência à erosão laminar do solo, o que requer um correto manejo do solo nas atividades agropecuárias. É importante destacar também a importância do Monumento Natural Serra das Torres na conservação do solo e da água, uma vez que a área da referida unidade de conservação e sua zona de amortecimento são caracterizadas por terem elevadas altitudes dentro do município e por altas declividades.

 

Figura 7 – Mapa altimétrico do município de Muqui.

Fonte: SEMMA (2022).

 

Figura 8 – Mapa clinométrico (de declividade) do município de Muqui.

Fonte: SEMMA (2022).

 

– Precipitação e temperatura

A média anual de precipitação no município de Muqui é de 1.344,9 mm, sendo sazonalmente dividida em dois períodos, que são: período chuvoso – compreendido nos meses de outubro a abril, com um total de 1.120,1 mm, o que corresponde a 83,3% do total acumulado anual e; período menos chuvoso – compreendido nos meses de maio a setembro, com um total de 224,8 mm, que corresponde a 16,7% do total (Figura 9).

A temperatura média anual no município de Muqui é de 21,6 °C. A maior média ocorre no mês de fevereiro, com 24,5 °C, caracterizando como um mês típico de verão. Já a menor média ocorre no mês de julho, com 18,3 °C, período em que ocorrem temperaturas amenas na região. Em relação às temperaturas máximas, os valores oscilam entre 24,6 °C em julho e 30,6 °C em fevereiro. Em relação às temperaturas mínimas, os valores oscilam entre 12,7 °C em julho e 19,3 °C em fevereiro. Considerando os aspectos sazonais de temperatura, o trimestre mais quente do ano normalmente ocorre nos meses de janeiro, fevereiro e março, sendo observada a maior amplitude térmica somente nos meses de julho e agosto. Por outro lado, o trimestre mais frio ocorre normalmente nos meses de junho, julho e agosto. Porém, a menor amplitude térmica é observada apenas nos meses de novembro e dezembro (Figura 9).

 

Figura 9 – Gráfico demonstrativo das médias mensais de temperatura e precipitação no município de Muqui (ES).

Fonte: Moreira et al. (2015).

 

– Resíduos sólidos recicláveis

Os resíduos sólidos recicláveis produzidos no município de Muqui são coletados pela Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis do Municípiode Muqui (ASCAMAREM) que, por sua vez, desde o ano de 2014, realiza a triagem e separação dos resíduos recicláveis para a posterior comercialização para empresas e indústrias que promovem a reciclagem e o coprocessamento dos resíduos coletados.

A ASCAMAREM realiza um trabalho de gigantesca importância no município de Muqui, pois, além de gerar emprego e renda aos associados, possibilita diversos benefícios ambientais e o aumento da vida útil dos aterros sanitários pelo fato de diminuir o descarte de resíduos sólidos. Além do mais, se trata da única organização de catadores de materiais recicláveis presente no município de Muqui, o que enfatiza ainda mais o seu papel na busca pela maior sustentabilidade ambiental na região.

 

Dados da ASCAMAREM:

Presidente: Leide Miriam Suman de Araújo

Endereço: Rua Honório Fraga, s/n, Centro, Muqui – ES

CEP: 29480-000

Contato: (27) 3332-2849

 

 

Referências bibliográficas:

FIORESE, C. H. U. Dinâmica das áreas verdes do perímetro urbano deMuqui/ES, Brasil. Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais,v.11, n.4, p.416-423, 2020.

INCAPER. Programa de assistência técnica e extensão rural PROATER 2020-2023: Muqui. 2020. Disponível em: <chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://incaper.es.gov.br/media/incaper/proater/municipios/Muqui.pdf>. Acesso em: 08 nov. 2022.

MOREIRA, T. R. et al. Confronto do uso e ocupação da terra em APPs no município de Muqui, ES. Floresta & Ambiente, v. 22, n. 2, p. 141-152, 2015.